Ex-presidente se torna o primeiro chefe de Estado brasileiro condenado por tentativa de golpe de Estado; decisão do STF desencadeia reações no Centrão e críticas internacionais lideradas por Trump.
O julgamento histórico
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quinta-feira (11) o julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
Por ampla maioria, os ministros consideraram que Bolsonaro liderou, instigou e tentou legitimar a ofensiva contra as instituições democráticas, incluindo a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.
A decisão marca um capítulo inédito na história política do país: é a primeira vez que um ex-presidente é condenado por conspiração golpista em nível institucional.
Defesa promete recorrer
Logo após o veredito, a defesa do ex-presidente anunciou que irá recorrer da decisão, alegando fragilidades nas provas e questionando a competência do STF para julgar o caso.
Advogados de Bolsonaro sustentam que o ex-chefe do Executivo foi “alvo de perseguição política” e devem acionar instâncias internacionais de direitos humanos.
O Centrão se reposiciona
Enquanto Bolsonaro enfrenta seu maior revés político e jurídico, o Centrão — bloco de partidos que tradicionalmente atua de forma pragmática em busca de espaço no poder — já começa a se distanciar do ex-presidente.
Segundo apuração do Estadão, lideranças avaliam que “não há mais como carregar Bolsonaro” e planejam uma transição de apoio em direção ao governo Lula e a novas lideranças da direita.
A metáfora de bastidores é clara: “o barco de Bolsonaro está em chamas”, e o Centrão se prepara para abandoná-lo antes que o naufrágio se torne definitivo.
Repercussão internacional
A condenação também reverberou fora do Brasil. Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump classificou a decisão como “terrível” e afirmou estar “muito insatisfeito” com o desfecho do julgamento.
O senador republicano Marco Rubio prometeu que levará o tema ao Congresso americano, sinalizando que a condenação pode entrar no radar das tensões diplomáticas entre Brasília e Washington.
Por outro lado, chancelerias europeias e organismos multilaterais destacaram que a decisão representa um fortalecimento institucional da democracia brasileira.
O impacto político
Com a condenação, Bolsonaro fica inelegível e distante do tabuleiro político nas eleições de 2026. O espaço aberto por sua ausência deverá ser disputado por nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e outros líderes conservadores.
Para o governo Lula, a decisão tem efeito duplo: reforça o discurso democrático, mas também pode aumentar a polarização, com a base bolsonarista tentando transformar o ex-presidente em símbolo de “perseguição judicial”.
Um divisor de águas
O julgamento do STF contra Jair Bolsonaro entra para a história como um divisor de águas no Brasil contemporâneo. A decisão não apenas encerra um ciclo político marcado pela ascensão e queda do ex-presidente, mas também redefine o equilíbrio de forças dentro do Congresso e nas relações internacionais.
O Brasil agora enfrenta o desafio de consolidar sua democracia, ao mesmo tempo em que precisa administrar as consequências políticas e sociais de uma condenação sem precedentes.
O que você acha? A condenação de Bolsonaro fortalece a democracia ou aprofunda a divisão no país?