Em um mundo cada vez mais conectado, as ameaças cibernéticas evoluem rapidamente – e a inteligência artificial está ampliando tanto os riscos quanto os desafios de regulação. Em entrevista exclusiva, Ronaldo Lemos, professor de Direito da Informática da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), alerta para a falta de uma “regulação clara e robusta” capaz de acompanhar a velocidade das inovações tecnológicas e proteger cidadãos e empresas.
Apesar de a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) representar um avanço significativo no Brasil, Lemos ressalta que ainda existem lacunas importantes, especialmente em temas como:
- Uso de IA para golpes sofisticados (deepfakes, phishing automatizado);
- Vazamento de dados em grande escala;
- Regulamentação de criptomoedas e ativos digitais;
- Responsabilidade de plataformas e provedores.
O que dizem outros especialistas?
Um relatório recente da Fortinet mostra que o número de ciberataques no Brasil aumentou 31% no último ano, com golpes usando IA crescendo 65% no mesmo período. Já a União Internacional de Telecomunicações (UIT) recomenda que países adotem estruturas legais específicas para crimes cibernéticos associados à IA.
Como se proteger?
Lemos e outros especialistas recomendam:
- Usar autenticação de dois fatores (2FA) em todas as contas;
- Atualizar softwares regularmente;
- Evitar clicar em links suspeitos mesmo em mensagens de remetentes conhecidos;
- Utilizar ferramentas de monitoramento de dados pessoais;
- Exigir transparência de empresas no uso de dados.
Cenário global:
Enquanto a União Europeia avança com o Artificial Intelligence Act – que classifica e regula os usos de IA –, o Brasil ainda depende de normativas setoriais e da aplicação incipiente da LGPD. Para Lemos, é urgente que o país atualize sua legislação e invista em educação digital desde o ensino básico.
📌 A proteção digital deixou de ser um tema técnico para se tornar uma questão de direitos fundamentais.