Carioca, filho de mãe brasileira e de pai americano, Andrew Rieder tem uma história parecida com a da WHG, da qual ele é sócio e CIO: a WHG é uma gestora brasileira focada na gestão global de ativos.
Rieder dividiu sua experiência e contou como foi a volta ao Brasil depois de ter trabalhado tantos anos no mercado americano cobrindo ações globais.
Sua experiência profissional começou em uma gestora chamada Moon Capital, que era um spin-off da Oaktree e que tinha uma filosofia fundamentalista, na qual Rieder fazia a cobertura de ações do setor de tecnologia.
Logo depois, mudou para a Calypso Capital, em que passou a trabalhar na equipe de gestão em um fundo com mais foco em trading e olhando mais ativos na Europa.
A volta de Rieder ao Brasil se deu quando conheceu Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset, que o convidou para a se juntar ao time da gestora. Após cinco anos na Verde, e uma passagem pelo maior familly office do país (a BW), Rieder foi para a WHG.
Rieder falou sobre alguns motivos pelos quais o investidor brasileiro deveria ter investimentos internacionais.
“A primeira razão é a mais óbvia: diversificar. Aqui no Brasil os ativos são super correlacionados. Em eventos de estresse, [juros] pré, ações, renda fixa, tudo está dentro do risco Brasil. Fizemos um estudo interno [mostrando] que, se você comprar ações junto com renda fixa na China, por exemplo, a correlação é quase zero.”
Um outro motivo é o home bias, o comportamento que leva boa parte dos investimentos a ficar concentrada no país de origem do investidor.
O Brasil representa cerca de 1% no índice mundial de ações, mas o brasileiro tem quase a totalidade do seu patrimônio em ativos locais, o que mostra um desbalanceamento grande no que deveria ser uma diversificação mínima e a realidade.
A qualidade dos negócios e setores diferentes dos encontrados no Brasil são fatores que também pesam bastante na decisão da WHG em internacionalizar parcela importante dos ativos do portfólio.
Um dos exemplos recai sobre empresas de tecnologia, companhias explorando o 5G e a indústria de semicondutores, entre outros.
Por último, Rieder citou o preço dos ativos, o famoso valuation. Muitas vezes, diz, falamos que a Bolsa brasileira é barata, mas os múltiplos de empresas de qualidade no Brasil acabam sendo mais caros do que os de algumas gigantes globais, como Google, Facebook, Apple e Amazon.
“Quando eu voltei, há nove anos, era loucura olhar Amazon ou empresas na China (para investir). Hoje não funciona mais assim: o mundo está convergindo para esse modelo de olhar mais coisas fora da sua geografia. Mas, além disso, escolhemos um time que fez global a vida toda, temos membros do time em Nova York e em Miami”, afirma Rieder.
A estratégia quantamental
Rieder explica que a filosofia de investimentos da WHG conta com três grandes pilares: “Pensamos em três camadas: a macro, a micro, que é a nossa paixão no final das contas, e tem a camada de coisas que são temáticas”.
Além disso, a gestora possui um lado quantamental (que combina as estratégias quantitativa e fundamentalista), em que atua com maior ênfase o sócio Daniel Gewehr, que é responsável pela gestão dos mandatos de renda variável da gestora, com acompanhamento de algumas métricas de ações como momentum e value, entre outros.
Atualmente, a gestora possui duas grandes estratégias: a primeira é um fundo de ações long only, chamado WHG Global Opportunities, que concentra as melhores convicções do time de gestão; e a segunda é um fundo de ações long biased, chamado WHG Retorno Absoluto, que possui mais flexibilidade na alocação de recursos, com possibilidade de variar sua exposição líquida comprada em ações e em outros ativos também.
Fonte: Infomoney